11 de Junho, 7:30, @secretariado
No dia da prova eu cheguei mais cedo, porque não tenho chip e queria pedir um - como tenho feito desde o triatlo de Alijó, o ano passado, quando o chip original me caiu do pezinho durante a natação.
O Anónimo simpático (que vamos identificar como Anónimo 1) que me tem feito o leasing dos chips, sorriu e fez a costumeira prelecção sobre já ir sendo tempo de tratar do chip, etc, etc. Eu concordei alegremente; ele puxou de um formulário, perguntou-me pelo número da licença e preparou-se para escrever, como se não soubesse que eu nunca me lembro do número. Eu fingi rebuscar na memória. Seguiu-se a continuação habitual de um diálogo simpático cujas deixas já estão mais que decoradas, repetidas em todas as provas entre Alijó e Oeiras 2006.
Estávamos nós nesta agradável troca de amabilidades, quando surgiu atrás de mim na fila o Anónimo 2, colocando-se estrategicamente ora à minha direita, ora à minha esquerda, ora colado às minhas costas, a fazer aqueles movimentos incomodativos em que uma gaija não sabe se o tipo se está a querer aproveitar ou simplesmente se acha tão importante que devia passar à frente na fila por direito natural.
Isto incomoda-me, como me incomodam as pessoas que nas caixas multibanco estão quase em cima de nós enquanto levantamos dinheiro e todas aquelas em geral que não sabem manter uma distância bem-educada de pelo menos 50 cm do cidadão que está à frente delas na bicha.
Além disso, antes de um gajo se colar a mim, tenho de ver se é suficientemente giro ;-)
Como sou uma pessoa bem-educada e o meu mau feitio está na actualidade praticamente – embora não totalmente - extinto, disse ao Anónimo1 que acabava de preencher o tal formulário, para ele poder atender o resto das pessoas. Ora o Anónimo2, mal se chegou à frente, virou-se para mim e disse-me com o seu melhor ar paternalista Ah pois é, o número da licença é uma coisa que se tens de saber sempre de cor! E outras alarvidades à volta do mesmo tema.
Teve azar. Não era giro... Eu ainda hesitei entre lançar-lhe o olhar-gélido-de-desprezo-nº1-para atrevidos-vulgares e o silêncio, mas foi mais forte do que eu. Atirei-lhe com a versão pedigree de raça do Olha lá, totó, conheces-me daonde? E ele congelou... mas não completamente, ainda teve de declarar Estou a ver que aqui o desporto é outro, o que merecia a resposta clássica O desporto que tu queres praticar sei eu, mas nessa altura eu já tinha marcado a minha posição e ignorei-o.
Não, não me digam que o Anónimo2 estava só a querer ser simpático. Não estava. Ou que estava com um acesso de stress competitivo. Não estava.
Era a típica atitude dos tipos que cada vez que uma mulher ao volante faz exactamente o mesmo que eles se saem com um É gaja e basta, dos machos que vêem uma mulher sozinha a fazer aquilo que eles acham que é um típico erro de menina e vêm logo com conselhos e orientações, porque toda a gente sabe que o mundo está dividido entre homens e mulheres porque elas são um bocadinho nerds e precisam deles para bússola.
E além do mais, se fosse para meter conversa, podia ter-se oferecido para me emprestar o chip dele. Teria sido uma atitude muito mais imaginativa e divertida.
E principalmente, não me digam que eu estava com mau feitio! ;-)
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